CONTO 08 - COMPLETO
- Laiza Machado
- 7 de mai. de 2017
- 2 min de leitura
Eu gosto daquele tesão que não sabe esperar pela cama, faz rolar em qualquer lugar. Qualquer lugar apropriado, claro. Uma coisa é tesão, outra é maluquice. Se bem que, certas vezes, as coisas acabam se misturando. Ela, por exemplo, tem mania de travar o elevador do prédio dela quando a gente chega de madrugada de algum lugar. Sem câmeras ali, diz olhando pra mim com cara de safada “na cama a gente continua, mas me come primeiro aqui”.
Juro que fico com medo de que algum vizinho descubra nossas loucuras. Repetimos a cena com uma frequência suficiente para dar chance ao azar, mas sempre conseguimos sair incólumes do local do crime. E acho que talvez o meu maior receio nem seja que alguém nos pegue, mas que aconteça alguma coisa com o elevador. Despencar, sei lá. Tem dias que perdemos totalmente a linha. Ela põe as mãos na parede, empina a bunda e pede pra eu puxar o cabelo dela.
Com força.
Sei que eu sou um cara de muita sorte. Não por qualquer rótulo que possa ser colocado nela de “safada”, “tarada” ou “pervertida”. Até onde eu sei, homens e mulheres gostam de transar. Minha sorte é ter ao meu lado uma mulher bem resolvida o bastante consigo mesma, com o próprio corpo e com o sexo de uma maneira geral. Conversar sobre todos os aspectos dele, desde o físico até o psíquico, sempre foi um meio de aprendermos mais um sobre o outro e entendermos o que cada um pensava sobre o tema.
Aprendi tanto com as reflexões dela que brinco dizendo que ela deveria escrever um livro. E quando eu falo que ela é “muito gostosa”, sempre me responde dizendo que “nós dois juntos é que fazemos ficar gostoso”. Dou toda razão. Claro. Porque intimidade é um terreno que se ganha aos poucos. E quanto mais se tem, mais sujo, liberal, maluco e gostoso se torna o prazer. Pelo menos essa deveria ser a tendência.
O segredo jaz em entender como não deixar a chama baixar entre o casal.
Digo sempre aos amigos que me confidenciam estar passando por alguma situação delicada no relacionamento com suas namoradas, que fazer amor em lugares inusitados pode ser uma salvação. Dentro do carro enquanto parado numa rua mais deserta, no banheiro de alguma balada, na praia durante um dia de semana, ou no ótimo clichê do elevador – contanto que não haja circuito interno de TV.
Dia desses, eu e ela esquecemos de travar o elevador. Quando a porta começou a fechar, estiquei o braço e puxei o botão. Ajoelhada, ela começou a rir de nervoso pensando no perigo. “Vambora pra cama”, mandou sorrindo. E eu fui. Parecendo dois adolescentes, acabamos não conseguindo nem chegar no quarto. Ficamos pelo sofá mesmo.
Eu com ela: aquele tesão que não tem hora nem lugar, só vontade.
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